19/02/2018

O Largo de São Domingos vai receber a última obra do escultor Alberto Carneiro, falecido há menos de um ano. A empresa municipal GO Porto começou hoje as obras para ali plantar "Três metáforas de árvore para uma árvore verdadeira", que o artista plástico concebeu especificamente para o local.


O conjunto escultórico é constituído por três árvores em granito (com alturas de 6, 7 e 8 metros) e integra também uma oliveira natural. As peças graníticas apresentam-se com troncos esguios, nos quais se inscrevem as palavras "Vida" e "Arte", temas recorrentes em toda a obra de Alberto Carneiro (Santo Tirso, 20.09.1937 / Porto, 15.04.2017). Sobrepõem-se as copas, alongadas e estilizadas, marcando a verticalidade do local.


"Três metáforas de árvore para uma árvore verdadeira" foi executada pela Cooperativa dos Pedreiros e concluída já depois da morte do artista, que foi também docente na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e autor de uma vasta e aclamada obra que revisita formas e materiais da natureza.


Obras durante a noite


A instalação no Largo de São Domingos foi precedida de uma sessão de esclarecimento com os comerciantes da zona, tendo em conta que haverá alguns constrangimentos à circulação, nomeadamente automóvel, no largo e na Rua das Flores.


Para já, o trabalho de construção das fundações não é de grande efeito e só dentro de três a quatro semanas terá início a implantação das esculturas. Ainda assim, os trabalhos decorrerão durante a noite e não deverão prolongar-se por mais de três noites, entre as 21 e as 05 horas, por forma a minimizar a desestabilização das rotinas (cargas e descargas no comércio). Além disso, não serão trabalhos muito ruidosos, pelo que se prevê também que o descanso dos moradores seja afetado ao mínimo.


A previsão da GO Porto é de que as obras estejam concluídas dentro de um mês a partir de hoje.


Valorização da zona 


A instalação de "Três metáforas de árvore para uma árvore verdadeira" é encarada como um fator de valorização do Largo de S. Domingos e envolvente, sendo mesmo vista como potenciadora de atração de mais públicos à zona. 


Esta obra do mestre Alberto Carneiro insere-se no Programa de Arte Pública lançado pelo Município em fevereiro de 2015. Aliás, já consta da Rota Contemporânea do Mapa de Arte Publica do Porto, que foi apresentado em julho último com a inauguração de uma obra de Julião Sarmento. 

Trata-se de um roteiro de arte pública na cidade, do qual fazem parte o painel de Fernando Lanhas no Túnel da Ribeira; a obra de João Louro "Dead End 15", da série "Highway Painels", em torno da obra poética de Sophia de Mello Breyner Andresen; "Kneaded Memory/Memória Amassada", da artista plástica Dalila Gonçalves; "O Meu Sangue é o Vosso Sangue", de Rui Chafes; além de outras já pré-existentes na cidade, como a escultura de Ângelo de Sousa na Avenida da Boavista e o conjunto de Juan Muñoz na Cordoaria.

A referência à inclusão da derradeira obra de Alberto Carneiro no Mapa de Arte Pública do Porto - disponível online e também em suporte papel em vários locais pela cidade - estará inscrita nas placas que serão incrustadas no chão, no Largo de São Domingos, onde se lerá também o seu título, o nome do autor e o ano.

"Três metáforas de árvore para uma árvore verdadeira" poderá ser ainda melhor compreendida numa sessão do ciclo municipal Um Objeto e Seus Discursos por Semana, a apresentar brevemente, e na qual deverá participar a historiadora Catarina Rosendo, viúva de Alberto Carneiro e co-autora (com Olga Ramos) do filme documentário sobre o escultor "Dificilmente o que habita perto da origem abandona o lugar" (2008, produção Laranja Azul).

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