17/09/2019

O tema tinha sido assunto na reunião de Executivo Municipal da semana passada e passou, ontem à noite, pelo crivo da Assembleia Municipal que, liminarmente, validou a estratégia de requalificação de Rui Moreira para os dois equipamentos. Cada um à sua maneira, são de "grande relevância histórica e patrimonial para a cidade do Porto", considerou.


A intervenção do presidente da Câmara do Porto sobre a requalificação do Cinema Batalha não deixou margem para questões adicionais dos grupos parlamentares. A história é sobejamente conhecida e, por isso, Rui Moreira "pasmou-se" dos argumentos evocados pelo PSD, quando o deputado Francisco Carrapatoso aviltou que, se os "custos não contabilizados" fizeram o preço da obra subir, o Município poderia tentar renegociar o valor do contrato de arrendamento do imóvel.

O autarca lembrou que a Câmara do Porto fez uma tentativa de compra do imóvel, mas que os proprietários "não quiseram vender e estão no seu direito". Não deixando escapar o "falhanço" do modelo de recuperação do Cinema Batalha, intentado pelos sociais-democratas quando lideravam a cidade - na altura, foi entregue à Associação de Comerciantes "para o ressurgimento do comércio tradicional, mas fizeram tão mal que só de borla" - Rui Moreira assumiu que o equipamento "tem uma história de resistência ligada à cidade do Porto" e, por isso, o seu Executivo tem toda a legitimidade em decidir que "o Batalha" faz parte da estratégia cultural que delineou para a cidade.

"Não temos uma cinemateca do Porto e temos uma nova procura de públicos: basta ver o Cinema Trindade e o Passos Manuel. Há coisas que vão para além do 'contabilismo' ", sustentou.

De facto, continuou Rui Moreira, inicialmente a obra estava orçada nos 2,5 milhões de euros, mas "quando se fizeram os primeiros furos nas paredes, verificou-se uma enorme degradação do betão, porque foi construído com materiais de baixa qualidade", acrescentando que tal obrigou à reavaliação do projeto pelo arquiteto Alexandre Alves Costa e que, por esse motivo, "a obra vai custar mais".

Da CDU, a deputada Joana Rodrigues viu como "positiva" a intenção de o Município querer dinamizar o Cinema Batalha, que sofreu um longo "processo de degradação", resultado das tentativas de revitalização que falharam. Como comentário final, falou sobre a possibilidade do envolvimento do Ministério da Cultura no futuro deste equipamento.

Aproveitando esta deixa, Rui Moreira acabou por colocar outro assunto premente à Assembleia Municipal. "Preferia concentrar esforços do Ministério da Cultura no Coliseu. Aí sim, estamos muito interessados", lançou. Recordando o levantamento da necessidade de obras urgentes para o Coliseu, o autarca considerou que é preciso encontrar uma "grande mobilização" em torno desta obra, onde o papel do Governo, como um dos principais membros da Associação dos Amigos do Coliseu do Porto será crucial (além da Secretaria de Estado da Cultura são também associados "de peso" a AGEAS, Câmara do Porto e Área Metropolitana do Porto).

Retomado o tema em apreciação, a deputada do BE, Susana Constante Pereira, saudou o Município pela solução encontrada, considerando que "são os custos de devolver à cidade um espaço identitário". Frisou ainda que, desde 2012, o imóvel está classificado como património de interesse público, o que impede outros usos para o edifício.

Obras no Alexandre Herculano ainda este mês ou no início de outubro

A informação foi avançada pelo deputado do PS Tiago Barbosa Ribeiro, que adiantou ainda que "já começaram as mudanças para a escola ao lado". Num processo em que "a Câmara do Porto andou bem porque aceitou assumir responsabilidade da obra e comparticipá-la", o socialista lamentou, todavia, o tempo que se perdeu na resolução deste problema, quando em 2011 o anterior Governo decidiu suspender a requalificação.

Opinião divergente apresentou o deputado Francisco Carrapatoso, ao apontar as culpas para o ex-Primeiro-Ministro José Sócrates, que tinha "um projeto megalómano" para o liceu Alexandre Herculano.

CDU e BE uniram-se nos elogios. Para a deputada comunista Joana Rodrigues, apesar de ser esta uma "competência do Estado Central", reconheceu a urgência da obra e valorizou a "criação de um pavilhão polidesportivo" assumido pela Câmara do Porto. Já de acordo com o deputado bloquista Pedro Lourenço este é um exemplo "de cooperação e empenho" do Município junto do Estado "para resolver problemas da cidade", tendo até havido lugar a "alguma criatividade", aplaudiu.

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