Mercado do Bolhão
Restauro e ModernizaçãoO restauro e a modernização do Mercado do Bolhão teve em conta um mercado de frescos tradicional, municipal, dos sabores e dos cheiros, relacionado com a envolvente. Assegurou, portanto, uma intervenção ao nível do edificado, mantendo a integridade patrimonial. Simultaneamente, assegurou o estabelecimento de condições operacionais que permitem a manutenção da atividade comercial, atualizadas de acordo com os exigíveis requisitos funcionais, de higiene e de conforto. A estratégia assentou na recuperação e valorização da matriz original do edifício e mercado de 1914/1917, da autoria do Arquiteto António Correia da Silva, com vista a encontrar a melhor solução para devolver à cidade um equipamento atualizado, sem perder a sua identidade. Os valores únicos do Mercado do Bolhão exigiram uma resposta transformadora, mas atenta ao património existente. Ler Mais.
Bolhão
O restauro e a modernização do Mercado do Bolhão teve em conta um mercado de frescos tradicional, municipal, dos sabores e dos cheiros, relacionado com a envolvente.
Assegurou, portanto, uma intervenção ao nível do edificado, mantendo a integridade patrimonial. Simultaneamente, assegurou o estabelecimento de condições operacionais que permitem a manutenção da atividade comercial, atualizadas de acordo com os exigíveis requisitos funcionais, de higiene e de conforto.
A estratégia assentou na recuperação e valorização da matriz original do edifício e mercado de 1914/1917, da autoria do Arquiteto António Correia da Silva, com vista a encontrar a melhor solução para devolver à cidade um equipamento atualizado, sem perder a sua identidade.
Os valores únicos do Mercado do Bolhão exigiram uma resposta transformadora, mas atenta ao património existente.
Três princípios nortearam o trabalho – o edifício, o mercado e as pessoas (e suas relações): a recuperação física do edifício – devolução da sua identidade e coerência, retirando elementos espúrios, resolvendo anomalias e suas causas, assumindo valores/ permanências e gerindo as novas infraestruturas e valências; a modernização do mercado de frescos – fazer do Bolhão um mercado de referência com os melhores produtos e espaços de fruição, capaz de abastecer os moradores/munícipes, os restaurantes/ comércio da cidade e os visitantes; e a restituição da relação deste equipamento com a cidade, aumentando a transparência, a acessibilidade, a articulação, o conforto, a higiene e a sua funcionalidade.
O Mercado, após o restauro e modernização, está distribuído em cinco pisos que se designam e organizam da seguinte forma: Cave logística com sobrepiso destinado a área técnica (Piso -1); Terrado com o Mercado de Frescos, à cota do acesso pela Rua Formosa (Piso 1); Administração e áreas de apoio, à cota do acesso pela Rua de Sá da Bandeira e Rua Alexandre Braga (Piso 2); e Galeria com o mercado sazonal e restauração, à cota do acesso pela Rua Fernandes Tomás (Piso 3).
As coberturas existentes da construção foram recuperadas com o revestimento original em soletos de ardósia, melhorando a sua estanquidade, isolamento térmico e drenagem de águas pluviais.
Também as estruturas de madeira da cobertura foram conservadas, com um aumento do número de pontos de acesso, de forma a permitir a contínua monitorização do estado de conservação da mesma.
As intervenções nas fachadas assentaram na remoção e/ou substituição de elementos espúrios; a reintrodução das caixilharias originais em ferro fundido, nas lojas voltadas para a rua, e caixilharias metálicas e de madeira, nos espaços voltados para o interior; a reintrodução de toldos nas lojas voltadas para a rua, com ferragens originais e incorporando a publicidade.
No terrado, zona destinada ao funcionamento do mercado de frescos, procedeu-se a instalação de novos elementos adaptados aos critérios de funcionalidade, higiene e conforto atuais – estratégia que se enquadra nos objetivos da classificação do edifício como Monumento de Interesse Público.
O redesenho das estruturas do terrado pretendeu potenciar as tradicionais formas de comércio e a sua possível conjugação com o comércio moderno – razão da classificação do mercado. As novas estruturas reinterpretam, assim, as formas originais dos telhados das barracas e das estruturas ligeiras contíguas, propondo uma sequência de coberturas ao nível do terrado. Excetuam-se dois pátios descobertos localizados nos topos norte e sul, que permitem um uso/apropriação informal e polivalente.
Mantém-se o princípio de alternância de uma cobertura opaca (com revestimento em zinco, como o mercado aberto que antecedeu o edifício) que protege os comerciantes e produtos e uma outra transparente (em estrutura de ferro e vidro), que abriga e ilumina as cinco “ruas” de circulação longitudinal já existentes no mercado e mantidas no projeto.
As coberturas envidraçadas foram sombreadas por lâminas orientáveis com movimento automático centralizado/temporizado.
Estas lâminas asseguram que não há incidência direta do sol nas superfícies de vidro, sem pôr em causa a transparência para as “ruas” interiores.
Os pilares de sustentação das coberturas funcionam simultânea e alternadamente como sistema de recolha das águas pluviais e alimentação elétrica.
Foram criadas, em articulação com o equipamento e mobiliário, as infraestruturas necessárias para garantir as condições de conservação adequada a cada tipo de produto (temperatura e proteção).
Entre pilares, e sob a cobertura, foi colocada uma iluminação geral, bem como colocadas módulo com telas de encerramento.
A solução das estruturas e do equipamento para o terrado são flexíveis, mantendo a escala, a permeabilidade e os princípios de natureza formal das estruturas preexistentes. Esta modernização visou incrementar o conforto, a funcionalidade, a higiene, a qualidade e o nível de exigência nas bancas, melhorando a experiência de utilização e usufruto do mercado.
O Mercado mantém as quatro portas de entrada existentes, uma em cada rua que define o quarteirão: a sul, a Rua Formosa (acesso direto ao terrado), a norte, a Rua Fernandes Tomás (acesso direto à galeria) e a nascente-poente a Rua Alexandre Braga – Rua Sá da Bandeira (acesso ao átrio das caixas de escadas existentes e a uma nova passagem entre ruas). Estas quatro entradas mantêm o seu sistema de abertura/encerramento através dos portões existentes em ferro. Na entrada principal foi, ainda, recolocada a antiga fonte existente sob o passadiço central.
No que se refere à articulação entre pisos, foi instalada uma nova escada a sul e um conjunto de dez elevadores e monta-cargas para a circulação principal. A nova escada sul, contígua à entrada nobre da Rua Formosa, visa a promoção do acesso pedonal à galeria, nomeadamente à zona dos Restaurantes.
Relativamente à acessibilidade, foi ainda realizada a substituição do passadiço coberto em betão armado, que estabelece uma relação transversal ao nível da galeria. Desta forma, a empreitada promoveu a sua substituição por uma nova passagem em dois níveis: piso 2 (passagem coberta) e piso 3 – galeria (passagem descoberta). Este novo elemento permite a leitura do contorno original do Mercado e dá à cidade uma nova rua, ligando de nível as Ruas Sá da Bandeira e Alexandre Braga.
De referir, ainda, a abertura a nordeste, da nova ligação direta do terrado à estação de Metro do Bolhão. A nova entrada permite uma importante melhoria na acessibilidade e utilização do Mercado. A largura deste pórtico resulta da intenção de promover uma ligação franca entre estes dois equipamentos – um convite que funciona em ambos os sentidos (potenciando a utilização do mercado e dos transportes públicos).
Com a modernização do equipamento surgiu uma necessidade nova. Trata-se de uma cave logística, apenas sob o terrado, à qual se acede através de um túnel à cota da Rua do Ateneu Comercial, assim libertando a envolvente próxima do Mercado de rampas de acesso e outros congestionamentos ligados às cargas e descargas. A cave técnica desenha-se no interior do retângulo definido pelos pilares de apoio da galeria. Esta opção decorre da conveniência de preservação dos pilares e das respetivas fundações.
Esta nova cave, com 4,10 metros de pé-direito, inclui áreas de apoio, áreas de armazenamento, áreas técnicas, com inclusão de um sobrepiso parcial, área de tratamento e recolha de resíduos e ainda balneários para comerciantes e funcionários.
Em articulação com o túnel de acesso, sob a Rua Alexandre Braga, localiza-se uma nova área técnica para instalação do Posto de Transformação (PT) do Mercado, do gerador de emergência, do equipamento de ventilação/desenfumagem e espaço destinado a veículos de manutenção.
Sob as lojas exteriores da Rua Fernandes Tomás, foi reconvertido o espaço desocupado do antigo matadouro, no Piso 2, para integração da área administrativa e algumas áreas de apoio, incluindo arrumos, cozinha para demonstrações esporádicas (numa área central com relação direta com o exterior) e cozinhas de tripas – para usufruto dos comerciantes.
As instalações sanitárias do público foram relocalizadas e aumentadas (Pisos 1, 3 e 4).
Nas lojas voltadas à rua, a intervenção contemplou a substituição ou reparação da caixilharia em ferro fundido e toldos, segundo desenho original, e uma intervenção pontual nos interiores, apenas para reposicionamento das infraestruturas necessárias.
Nos espaços laterais e topo da ala norte do terrado localizam-se os talhos e peixarias. Estes são compostos por um espaço de venda/ exposição, voltado para o terrado, e um espaço de preparação/ armazenamento interior, com ligação a um corredor de serviço que possibilita uma discreta e funcional distribuição de cargas e descargas.
Nos espaços voltados para o interior da galeria, na ala sul, destinados a comércio/serviços, realiza-se o encaminhamento de infraestruturas e a introdução de piso técnico complementar e respetivo acesso.
Túnel Urbano
A construção do Túnel Urbano que liga a Rua do Ateneu Comercial do Porto à Rua de Alexandre Braga, também conhecido como Túnel do Bolhão, é uma infraestrutura essencial para a modernização do Mercado do Bolhão, uma vez que permite o acesso direto ao piso subterrâneo da cave logística do centenário equipamento municipal.
O novo túnel, além de fundamental ao funcionamento do Mercado do Bolhão modernizado, também irá impactar na melhoria da mobilidade na sua envolvente, ao redirecionar o fluxo dos veículos que abastecem o mercado e seus comerciantes para a cave logística.
O acesso subterrâneo possibilitará, ainda, condições de higiene e segurança alimentar acrescidas e cruciais para o Mercado do Bolhão, por viabilizar cargas e descargas diretas, através da cave, sem transporte de alimentos pela rua a céu aberto.
Mais concretamente, o Túnel do Bolhão tem entrada pela Rua do Ateneu Comercial do Porto, na esquina com a Rua António Pedro, desenvolvendo-se a dez metros à cota inferior dos arruamentos das Ruas Formosa e de Alexandre Braga, onde é feita a ligação à nova cave do Mercado do Bolhão.
O túnel propriamente dito conta com dois acessos, um para entrada e outro para saída de cargas e descargas, e aproximadamente 120 metros de extensão, sustentados por 750 toneladas de aço e 3500 metros cúbicos de betão.
Estruturalmente, o acesso é constituído por um pórtico de betão armado, composto por muros laterais e laje de cobertura. Nos troços de passagem inferior aos edifícios, o acesso aproveita os respetivos pisos térreos (ao nível da rua do Ateneu Comercial do Porto). No troço enterrado sob os arruamentos, na zona da Rua Formosa, foram utilizadas estacas em betão armado; na Rua Alexandre Braga as fundações são diretas com recurso a sapatas, apoiadas no maciço rochoso.
A intervenção implicou, também, a reabilitação das infraestruturas existentes, que foi necessário deslocar e já se apresentavam bastante degradadas, nomeadamente águas pluviais, saneamento, abastecimento de água, telecomunicações, gás, entre outras redes. Da construção fizeram, ainda, parte trabalhos de escavação, movimentação de mais de 7000 metros cúbicos de terras e pavimentação da Rua Formosa e da Rua de Alexandre Braga.
MERCADO DO BOLHÃO
DONO DE OBRA : CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO
GESTÃO DE OBRA : GO PORTO - GESTÃO E OBRAS DO PORTO, EM
OBRA : CONCLUÍDA
PROJETISTA : ARQ.º NUNO VALENTIM / CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO
EMPREITEIRO : LÚCIOS & ACA - BOLHÃO, ACE
FISCALIZAÇÃO : MC2E - CONSULTORES DE ENGENHARIA, LDA.
INVESTIMENTO (VALOR DE ADJUDICAÇÃO DA OBRA) : 22.379.000,00 € + IVA
EXPLORAÇÃO : GO PORTO, EM
TÚNEL URBANO
DONO DE OBRA : GO PORTO - GESTÃO E OBRAS DO PORTO, EM
GESTÃO DE OBRA : GO PORTO - GESTÃO E OBRAS DO PORTO, EM
OBRA : CONCLUÍDA EM MARÇO DE 2021
PROJETISTA : JCT - CONSULTORES DE ENGENHARIA, LDA
EMPREITEIRO : TEIXEIRA DUARTE - ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES, SA
FISCALIZAÇÃO : MC2E - CONSULTORES DE ENGENHARIA, LDA.
INVESTIMENTO (GLOBAL) : 5.866.127,00 €
BOLHÃO - CLASSIFICAÇÕES
2013 : CLASSIFICADO COMO MONUMENTO DE INTERESSE PÚBICO
2006 : CLASSIFICADO COMO IMÓVEL DE INTERESSE PATRIMONIAL
Túnel Urbano
Construção do Túnel Urbano que liga a Rua do Ateneu Comercial do Porto à Rua de Alexandre BragaA construção do Túnel Urbano que liga a Rua do Ateneu Comercial do Porto à Rua de Alexandre Braga, também conhecido como Túnel do Bolhão, é uma infraestrutura essencial para a modernização do Mercado do Bolhão, uma vez que permite o acesso direto ao piso subterrâneo da cave logística do centenário equipamento municipal. O novo túnel, além de fundamental ao funcionamento do Mercado do Bolhão modernizado, também irá impactar na melhoria da mobilidade na sua envolvente, ao redirecionar o fluxo dos veículos que abastecem o mercado e seus comerciantes para a cave logística. O acesso subterrâneo possibilitará, ainda, condições de higiene e segurança alimentar acrescidas e cruciais para o Mercado do Bolhão, por viabilizar cargas e descargas diretas, através da cave, sem transporte de alimentos pela rua a céu aberto. Ler Mais.
Bolhão
O restauro e a modernização do Mercado do Bolhão tem em conta um mercado de frescos tradicional, municipal, dos sabores e dos cheiros, relacionado com a envolvente.
Assegura, portanto, uma intervenção ao nível do edificado, mantendo a integridade patrimonial. Simultaneamente, assegura o estabelecimento de condições operacionais que permitam a manutenção da atividade comercial, atualizadas de acordo com os exigíveis requisitos funcionais, de higiene e de conforto.
A estratégia assenta na recuperação e valorização da matriz original do edifício e mercado de 1914/1917, da autoria do Arquiteto António Correia da Silva, com vista a encontrar a melhor solução para devolver à cidade um equipamento atualizado, sem perder a sua identidade.
Os valores únicos do Mercado do Bolhão exigiram uma resposta transformadora, mas atenta ao património existente. Três princípios nortearam o trabalho em curso – o edifício, o mercado e as pessoas (e suas relações): a recuperação física do edifício – devolução da sua identidade e coerência, retirando elementos espúrios, resolvendo anomalias e suas causas, assumindo valores/ permanências e gerindo as novas infraestruturas e valências; a modernização do mercado de frescos – fazer do Bolhão um mercado de referência com os melhores produtos e espaços de fruição, capaz de abastecer os moradores/munícipes, os restaurantes/ comércio da cidade e os visitantes; e a restituição da relação deste equipamento com a cidade, aumentando a transparência, a acessibilidade, a articulação, o conforto, a higiene e a sua funcionalidade.
O Mercado, após restauro e modernização, estará distribuído em cinco pisos que se designam e organizam da seguinte forma: Cave logística com sobrepiso destinado a área técnica (Piso -1); Terrado com o Mercado de Frescos, à cota do acesso pela Rua Formosa (Piso 0); Administração e áreas de apoio, à cota do acesso pela Rua de Sá da Bandeira e Rua Alexandre Braga (Piso 1); Galeria com o mercado sazonal e restauração, à cota do acesso pela Rua Fernandes Tomás (Piso 2); e Sobrelojas (Piso 3). As coberturas existentes da construção serão recuperadas com o revestimento original em soletos de ardósia, melhorando a sua estanquidade, isolamento térmico e drenagem de águas pluviais.
Também as estruturas de madeira da cobertura serão conservadas, propondo-se o aumento do número de pontos de acesso, de forma a permitir a contínua monitorização do estado de conservação da mesma.
As intervenções nas fachadas assentam na remoção e/ou substituição de elementos espúrios; a reintrodução das caixilharias originais em ferro fundido, nas lojas voltadas para a rua, e caixilharias metálicas e de madeira, nos espaços voltados para o interior; a reintrodução de toldos nas lojas voltadas para a rua, com ferragens originais e incorporando a publicidade. No terrado, zona destinada ao funcionamento do mercado de frescos, prevê-se a instalação de novos elementos adaptados aos critérios de funcionalidade, higiene e conforto atuais – estratégia que se enquadra nos objetivos da classificação do edifício como Monumento de Interesse Público.
O redesenho das estruturas do terrado pretende potenciar as tradicionais formas de comércio e a sua possível conjugação com o comércio moderno – razão da classificação do mercado. As novas estruturas reinterpretam, assim, as formas originais dos telhados das barracas e das estruturas ligeiras contíguas, propondo uma sequência de coberturas ao nível do terrado. Excetuam-se dois pátios descobertos localizados nos topos norte e sul, que permitirão uso/apropriação informal e polivalente. Mantém-se o princípio de alternância de uma cobertura opaca (com revestimento em zinco, como o mercado aberto que antecedeu o edifício) que protege os comerciantes e produtos e uma outra transparente (em estrutura de ferro e vidro), que abriga e ilumina as cinco “ruas” de circulação longitudinal já existentes no mercado e mantidas no projeto. As coberturas envidraçadas serão sombreadas por lâminas orientáveis com movimento automático centralizado/temporizado. Estas lâminas asseguram que não há incidência direta do sol nas superfícies de vidro, sem pôr em causa a transparência para as “ruas” interiores.
Os pilares de sustentação das coberturas funcionarão simultânea e alternadamente como sistema de recolha das águas pluviais e alimentação elétrica. Serão criadas, em articulação com o equipamento e mobiliário, as infraestruturas necessárias para garantir as condições de conservação adequada a cada tipo de produto (temperatura e proteção). Entre pilares, e sob a cobertura, está prevista uma iluminação geral, bem como a possibilidade de encerrar cada módulo com telas.
A solução das estruturas e do equipamento para o terrado serão flexíveis, mantendo a escala, a permeabilidade e os princípios de natureza formal das estruturas preexistentes. Esta modernização pretende incrementar o conforto, a funcionalidade, a higiene, a qualidade e o nível de exigência nas bancas, melhorando a experiência de utilização e usufruto do mercado. O Mercado mantém as quatro portas de entrada existentes, uma em cada rua que define o quarteirão: a sul, a Rua Formosa (acesso direto ao terrado), a norte, a Rua Fernandes Tomás (acesso direto à galeria) e a nascente-poente a Rua Alexandre Braga – Rua Sá da Bandeira (acesso ao átrio das caixas de escadas existentes e a uma nova passagem entre ruas). Estas quatro entradas mantêm o seu sistema de abertura/encerramento através dos portões existentes em ferro. Na entrada principal será, ainda, recolocada a antiga fonte existente sob o passadiço central.
No que se refere à articulação entre pisos, será instalada uma nova escada a sul e um conjunto de dez elevadores e monta-cargas para a circulação principal. A nova escada sul, contígua à entrada nobre da Rua Formosa, pretende promover o acesso pedonal à galeria, nomeadamente à zona dos Restaurantes.
Relativamente à acessibilidade, será ainda realizada a substituição do passadiço coberto em betão armado, que estabelece uma relação transversal ao nível da galeria. Desta forma, a empreitada prevê a sua substituição por uma nova passagem em dois níveis: piso 1 (passagem coberta) e piso 2 – galeria (passagem descoberta).
Este novo elemento permitirá a leitura do contorno original do Mercado e dará à cidade uma nova rua, ligando de nível as Ruas Sá da Bandeira e Alexandre Braga. De referir, ainda, a abertura a nordeste, da nova ligação direta do terrado à estação de Metro do Bolhão. A nova entrada permitirá uma importante melhoria na acessibilidade e utilização do Mercado.
A largura deste pórtico resulta da intenção de promover uma ligação franca entre estes dois equipamentos – um convite que funciona em ambos os sentidos (potenciando a utilização do mercado e dos transportes públicos). Com a modernização do equipamento surgiu uma necessidade nova. Trata-se de uma cave logística, apenas sob o terrado, à qual se acederá através de um túnel à cota da Rua do Ateneu Comercial, assim libertando a envolvente próxima do Mercado de rampas de acesso e outros congestionamentos ligados às cargas e descargas. A cave técnica desenha-se no interior do retângulo definido pelos pilares de apoio da galeria. Esta opção decorre da conveniência de preservação dos pilares e das respetivas fundações.
Esta nova cave, com 4,10 metros de pé-direito, inclui áreas de apoio, áreas de armazenamento, áreas técnicas, com inclusão de um sobrepiso parcial, área de tratamento e recolha de resíduos e ainda balneários para comerciantes e funcionários. Em articulação com o túnel de acesso, sob a Rua Alexandre Braga, localizar-se-á uma nova área técnica para instalação do Posto de Transformação (PT) do Mercado, do gerador de emergência, do equipamento de ventilação/desenfumagem e espaço destinado a veículos de manutenção. No Piso 0, sob a Rua Sá da Bandeira, será reposicionado o PT público existente e, nos restantes espaços, preveem-se áreas de armazenamento adicionais para os comerciantes do terrado.
Sob as lojas exteriores da Rua Fernandes Tomás, será reconvertido o espaço desocupado do antigo matadouro, no Piso 1, para integração da área administrativa e algumas áreas de apoio, incluindo arrumos, cozinha para demonstrações esporádicas (numa área central com relação direta com o exterior) e cozinhas de tripas – para usufruto dos comerciantes. As instalações sanitárias do público serão relocalizadas e aumentadas (Pisos 0, 2 e 3).
Nas lojas voltadas à rua, a intervenção contempla a substituição ou reparação da caixilharia em ferro fundido e toldos, segundo desenho original, e uma intervenção pontual nos interiores, apenas para reposicionamento das infraestruturas necessárias.
Nos espaços laterais e topo da ala norte do terrado localizar-se-ão os talhos e peixarias. Estes são compostos por um espaço de venda/ exposição, voltado para o terrado, e um espaço de preparação/ armazenamento interior, com ligação a um corredor de serviço que possibilita uma discreta e funcional distribuição de cargas e descargas. Nos espaços voltados para o interior da galeria, na ala sul, destinados a comércio/serviços, realizar-se-á o encaminhamento de infraestruturas e a introdução de piso técnico complementar e respetivo acesso.
Túnel Urbano
A construção do Túnel Urbano que liga a Rua do Ateneu Comercial do Porto à Rua de Alexandre Braga, também conhecido como Túnel do Bolhão, é uma infraestrutura essencial para a modernização do Mercado do Bolhão, uma vez que permite o acesso direto ao piso subterrâneo da cave logística do centenário equipamento municipal.
O novo túnel, além de fundamental ao funcionamento do Mercado do Bolhão modernizado, também irá impactar na melhoria da mobilidade na sua envolvente, ao redirecionar o fluxo dos veículos que abastecem o mercado e seus comerciantes para a cave logística. O acesso subterrâneo possibilitará, ainda, condições de higiene e segurança alimentar acrescidas e cruciais para o Mercado do Bolhão, por viabilizar cargas e descargas diretas, através da cave, sem transporte de alimentos pela rua a céu aberto.
Mais concretamente, o Túnel do Bolhão tem entrada pela Rua do Ateneu Comercial do Porto, na esquina com a Rua António Pedro, desenvolvendo-se a dez metros à cota inferior dos arruamentos das Ruas Formosa e de Alexandre Braga, onde é feita a ligação à nova cave do Mercado do Bolhão. O túnel propriamente dito conta com dois acessos, um para entrada e outro para saída de cargas e descargas, e aproximadamente 120 metros de extensão, sustentados por 750 toneladas de aço e 3500 metros cúbicos de betão. Estruturalmente, o acesso é constituído por um pórtico de betão armado, composto por muros laterais e laje de cobertura. Nos troços de passagem inferior aos edifícios, o acesso aproveita os respetivos pisos térreos (ao nível da rua do Ateneu Comercial do Porto). No troço enterrado sob os arruamentos, na zona da Rua Formosa, foram utilizadas estacas em betão armado; na Rua Alexandre Braga as fundações são diretas com recurso a sapatas, apoiadas no maciço rochoso.
A intervenção implicou, também, a reabilitação das infraestruturas existentes, que foi necessário deslocar e já se apresentavam bastante degradadas, nomeadamente águas pluviais, saneamento, abastecimento de água, telecomunicações, gás, entre outras redes. Da construção fizeram, ainda, parte trabalhos de escavação, movimentação de mais de 7000 metros cúbicos de terras e pavimentação da Rua Formosa e da Rua de Alexandre Braga.