Praça da República
Requalificação do Jardim Histórico Teófilo Braga | Requalificação da EnvolventeO projeto de Requalificação da Praça da República reflete os mais de 125 anos em que esta foi um vasto campo onde se praticaram exercícios militares, onde se iniciaram revoltas e se afirmaram ideais políticos e se realizaram eventos públicos oficiais de dimensão nacional, assim como os seus mais de cem anos como jardim público municipal. Pretende-se, com esta intervenção, que a Praça da República recupere a sua posição de referência na cidade, quer pelo significado para o entendimento da sua história política e social, quer pelo papel que, enquanto jardim público, deve desempenhar no recreio ao ar livre da população e, também, na qualidade paisagística e ambiental da cidade. Ler Mais.
Praça da República
O projeto de Requalificação da Praça da República reflete os mais de 125 anos em que esta foi um vasto campo onde se praticaram exercícios militares, onde se iniciaram revoltas e se afirmaram ideais políticos e se realizaram eventos públicos oficiais de dimensão nacional, assim como os seus mais de cem anos como jardim público municipal.
Jardim Histórico Teófilo Braga
Pretende-se, com esta intervenção, que a Praça da República recupere a sua posição de referência na cidade, quer pelo significado para o entendimento da sua história política e social, quer pelo papel que, enquanto jardim público, deve desempenhar no recreio ao ar livre da população e, também, na qualidade paisagística e ambiental da cidade.
A requalificação retoma a ideia inicial do traçado do jardim projetado em 1909, materializada num traçado linear, simétrico e centralizado que replica, de certo modo, traços não planeados, acidentais, do antigo campo militar, marcado por várias linhas cruzadas, gravadas no solo pelo marchar dos soldados. O novo traçado reúne, assim, formas e registos de memórias destes dois tempos muito significativos para a história do lugar e da cidade – a praça-campo e a praça-jardim. Procura reforçar-se o carácter essencial do traçado retilíneo e a topografia plana, própria dos campos, praças e terreiros, embora integrando a ideia de criação de um jardim de feição contemporânea, acolhendo formas atuais de recreio e a possibilidade de realização de encontros e celebrações de significativa dimensão.
Reabrem-se e redesenham-se os caminhos diagonais que ligam os quatro cantos da praça ao centro do jardim, convidando a entrar no jardim, a atravessá-lo, ao passeio ou ao descanso. Todos os canteiros assumem, por consequência, uma forma triangular. São delimitados por muretes de granito que vincam o traçado do jardim. A altura e a largura dos muretes vão diminuindo do centro para a periferia, terminando sob a forma de lancil.
A área central do jardim será formada pelo encontro dos vários canteiros, a que se associam grandes blocos em granito, também de formas triangulares, num jogo de volumes e formas em torno de um canteiro central circular, onde se conserva a grande palmeira das Canárias. Na face superior dos blocos centrais serão inscritas as várias designações da praça e nomes e datas evocativas dos acontecimentos políticos mais significativos que nela tiveram lugar: Campo de Santo Ovídio; 24 de Agosto de 1820; Revolução Liberal do Porto; Campo da Regeneração; 31 de Janeiro de 1891; República; 5 de Outubro de 1910; Jardim Teófilo Braga.
Todas as estátuas serão reposicionadas. A “República” será deslocada para o limite norte do jardim, voltada para o quartel e a eixo com a sua entrada, inserida em novo canteiro; as esculturas “Rapto de Ganimedes” e “Baco” serão mantidas aproximadamente nas suas posições originais, na proximidade do eixo principal do jardim, mas deslocadas em relação a ele.
A estátua do “General Pires Veloso” e a do “Padre Américo” serão reposicionadas no passeio mais a sul, numa maior proximidade com a malha urbana mais movimentada e, consequentemente, numa relação mais facilitada com a população residente e visitantes.
A Praça da República deverá funcionar como uma peça autónoma em relação ao espaço envolvente, como aconteceu enquanto foi campo, sendo pavimentada com um único tipo de pavimento, sem distinção entre o passeio exterior circundante e os caminhos interiores do jardim.
Prevê-se a conservação dos exemplares arbóreos e arbustivos de grande porte e mais antigos, tais como os alinhamentos de amargoseira (Melia azedarach), do grande carvalho (Quercus robur), do viburno-cheiroso (Viburnum odoratissimum) e das palmeiras das Canárias, assim como de conjuntos de ameixoeiras de jardim (Prunus cerasifera) e de olaias (Cercis siliquastrum), entre outros exemplares.
Uma orla arbórea envolverá todo o jardim, sendo dominada por árvores de folha caduca e de folhagem com interesse ao longo do ano, com subcoberto de arbustos de folha permanente e densa ramagem, maioritariamente de baixo e médio porte, permitindo a vista para o interior do jardim. Camélias ou japoneiras (Camellia japonica) com designações evocativas da cidade pontuarão estas orlas.
Serão plantados cedros dos Himalaias e cedros do Líbano segundo uma malha regular e na proximidade das palmeiras, de modo a enfatizar o carácter geométrico da praça e a valorizá-la paisagisticamente. No espaço central, nos canteiros sobrelevados, serão plantadas magnólias de folha caduca, olaias e ameixoeiras de jardim sobre maciços de hera.
A envolver as estátuas do “Rapto de Ganimedes”, “Baco” e “República” serão criados maciços de pequenas árvores, particularmente cerejeiras de flor sobre heras. Os relvados ficarão maioritariamente livres de vegetação arbóreo-arbustiva, para serem utilizados ativamente e das mais diversas formas por todas as faixas etárias.
A iluminação existente será substituída por novas luminárias, de carácter mais contemporâneo, a instalar ao longo dos caminhos. As estátuas serão também assinaladas por uma projeção de luz, assim como as cortinas de Melia azedarach e os relvados de maior dimensão. A intervenção contempla, ainda, a colocação de novas papeleiras, bebedouros e bancos.
Envolvente
A requalificação da envolvente da Praça da República abrange uma área total de 31 361 metros quadrados. Na grande maioria, a intervenção incidirá sobre a totalidade dos arruamentos e/ou largos. As ligações com os arruamentos convergentes serão alvo de alterações a diversos níveis, designadamente correções altimétricas.
Genericamente, o projeto propõe a recuperação das calçadas e o seu alargamento a todas as vias e troços de vias, à exceção do eixo funcional Antero de Quental – Lapa e João das Regras. Excluindo essas duas esteiras, as novas faixas de rodagem obedecerão à tipologia de plataforma única. Isto é, nivelarão altimetricamente com os passeios envolventes e serão delimitadas por guias de granito. Todo o material pétreo hoje existente na área de intervenção será para levantar com vista à sua reutilização nas novas faixas de rodagem.
A exceção às faixas de rodagem diz respeito às duas novas “pracetas” criadas nos topos norte e sul do Jardim Teófilo Braga, nas quais será reutilizado o microcubo hoje existente em todo o perímetro do Jardim. A utilização da pedra será dominante em toda a área de intervenção, nas suas diversas configurações modulares, matizes cromáticas e texturas de conforto.
Serão protegidos e preservados os exemplares saudáveis necessários das árvores existentes e, complementarmente, será reforçada a arborização em caldeira, ao longo dos arruamentos, por forma a ser este o componente da paisagem urbana que maior coesão dará à zona a intervencionar. Serão plantadas 117 novas árvores de seis espécies.
Será utilizada uma técnica de plantação, inovadora no país, com vista à criação de melhores condições de adaptação da arborização urbana, através da criação de câmaras radiculares subterrâneas. De uma forma global, será reduzida a área existente para circulação e estacionamento rodoviários, através do redimensionamento das vias de rodagem e das baias de estacionamento/logística/paragem curta marginais.
A redução na largura das vias persegue o objetivo geral de conquistar espaço para melhor oferta de usufruto ao peão, mas também serve de medida concomitante de promoção da redução da velocidade.
A mobilidade e estadia pedonal serão os principais beneficiários desta requalificação urbana. Todos os perfis transversais dos arruamentos serão alterados com vista ao alargamento das esteiras de mobilidade pedonal. Na maioria dos casos, proporcionarão a possibilidade de lugares de estadia ao longo das frentes urbanas. O projeto opera uma inversão no rácio das áreas afetas às funções rodoviária e pedonal. Dos atuais 70 % a 30 %, passar-se-á para 40 % a 60 %.
Os passeios e largos serão em granito talhado em cubos, guias e lajes. Todas essas peças terão um talhe geométrico regular e um acabamento de conforto antiderrapante. A colocação dos diversos elementos de mobiliário urbano segue uma malha de regra geométrica, com o propósito de disciplinar e harmonizar todo o conjunto de objetos a implantar. Sempre que possível, a sinalização vertical de tráfego será aplicada em suportes partilhados com outros elementos. Isto é, diversas colunas de iluminação pública, por exemplo, constituirão o suporte para aplicação das placas de sinalização.
As colunas, papeleiras, placas de sinalização, painéis, hidrantes e demais volumes saídos do pavimento serão reduzidos em número e os remanescentes serão qualificados esteticamente e arrumados em esteiras de alinhamento, intermediando as faixas de rodagem com os passeios, os quais resultarão mais praticáveis. Outro aspeto importante atende à ergonomia das esteiras de infraestruturas a renovar e/ou reformular de raiz – a “Cidade sustentável” exige mais racionalidade nos traçados e na implantação dos aparatos.