O projeto de conceção para a requalificação do Espaço Público da Praça da Corujeira e sua envolvente tem por conceito a criação de um parque urbano natural sustentável, com referências aos caminhos percorridos por quem passeia. Os plátanos mantêm-se como a referência, a centralidade, o elemento primordial.
As ruas pedonais adaptam-se aos plátanos; estes impõem-se, mas as vias serão de fácil utilização, integradas no ecossistema, assumidamente de carácter contemporâneo e ecológico. Os percursos pedonais do parque “vagueiam” de forma objetiva, ligando ruas e pontos de referência, aproveitando as curvas de nível, os declives naturais e enfiamentos visuais. O edifício Bar, todo estruturado em madeira, funcionará como uma esplanada ao nível da copa das árvores e localizar-se-á como referência da nova entrada do Parque da Corujeira, pela Rua da Lameira de Baixo, funcionando no seu todo como ponto de referência. Albergará os sanitários de forma a cumprir as necessidades básicas que um parque urbano necessita.
Nos espaços sobrantes, entre percursos pedonais e cicláveis, são propostas áreas temáticas distintas. Áreas para os jogos tradicionais, como por exemplo malha ou petanca, serão localizados numa área com pavimento em saibro, onde tenham um maior acolhimento por parte de uma faixa etária mais velha. Para os mais novos, uma área revestida num piso de borracha permeável e as áreas ajardinadas com prado. Nos restantes espaços, jardins com vegetação que possa ser apreciada visual e olfativamente.
A ciclovia fomenta, igualmente, as ligações primordiais, entre a Avenida 25 de Abril e a Travessa Ferreira dos Santos e a Rua Camilo Pessanha, ligações Sul/Norte. Permite, ainda, as ligações ao futuro Matadouro de Campanhã. Percursos esses que pretendem ser de fruição da natureza no Parque da Corujeira e simultaneamente de acesso fácil como transporte alternativo.
Igualmente, o projeto de conceção inclui a instalação de um “sky garden parque de arborismo”, aproveitando a mais-valia dos plátanos existentes. Assim, a Praça da Corujeira terá duas plataformas de vivência. Na base, os passeios e, ao nível superior, na copa das árvores, os desportos radicais.
O edifício Bar poderá também funcionar como ponto de partida para estas atividades. A vegetação dos espaços sobrantes revestir-se-á também de uma paleta de cores que contrastem com as cores monocromáticas dos plátanos.
Na praça, prevê-se o reposicionamento dos bancos, a pintar e reaproveitar. Serão instalados bebedouros e sinalética das espécies arbóreas existentes e novas, através de painéis interpretativos sobre a flora local e sobre o património existente.
Os dois extremos do parque constituirão pontos aglutinadores de uma dinâmica e versatilidade de usos. A rede viária junto à Praça da Corujeira nos topos norte, sul e nascente serão “zonas 30”, onde estrada, passeio e jardim estarão de nível, apenas diferenciadas por guias de granito. No topo nascente, a rede viária será desnivelada de forma a responder ao fluxo automóvel existente.
O Largo Matadouro terá uma marcação em lajeado de granito, pontuando um local que em breve terá preponderância na cidade, através da Reconversão e Exploração do Antigo Matadouro Industrial do Porto. O lajeado trará carácter ao lugar, uma referência e, assim, propõe-se uma “zona 30”, de forma a que seja possível conjugar automóveis, peões e bicicletas.
Os arruamentos da sua envolvente serão reorganizados, privilegiando-se os percursos pedonais e a arborização e mantendo-se um carácter urbano, mas acrescentando-lhe o uso de nova centralidade, assim melhorando a relação com o edificado. A ciclovia circulará pelos caminhos urbanos.
A ligação entre a Praça da Corujeira e a entrada do antigo matadouro será efetuada por uma rua que se propõe que seja só pedonal e ciclável, a Rua Nova da Corujeira.
Para a Avenida 25 de Abril, a proposta prevê a alteração na ligação à Travessa Ferreira dos Santos, de forma a acomodar o fluxo de trânsito e, simultaneamente, criar condições para o acesso dos pais e alunos à Escola Básica da Corujeira. O regresso viário à Avenida 25 de Abril far-se-á pela Travessa Monte da Bela.
Os cruzamentos serão materializados com a ampliação das zonas pedonais e diminuição das faixas de rodagem, clarificando os entroncamentos viários e criando condições para a plantação de espécies arbóreas.
O novo espaço garantirá acesso a todos os cidadãos, independentemente da sua condição física. Assim, todo o parque terá acesso a pessoas com mobilidade condicionada.
O interior do edifício Bar prevê também essa garantia, contando com um elevador, assim como um sanitário acessível. É, ainda, proposto o atravessamento da área do parque por ciclovias que deverão ter conexão com uma rede de vias pedonais e cicláveis, que façam a interligação com a envolvente.