O Terminal Intermodal de Campanhã (TIC) integra a construção de uma interface polivalente, a reorganização territorial, viária e urbana do Vale de Campanhã e a criação de um parque natural, que envolve a construção e se expande por todo o perímetro da área de intervenção.
O TIC alarga-se além da implantação e construção do Terminal, estendendo-se de modo a incluir a sua perfeita acessibilidade multifuncional, concretizando uma integração harmoniosa no território reorganizado e renaturalizado, reinserindo os vários equipamentos e unidades urbanas atualmente dispersos e melhorando exponencialmente as acessibilidades dos vários equipamentos e unidades urbanas que dependem da sua proximidade.
O equipamento construído perfaz uma área bruta total de edificação de cerca de 24 000 metros quadrados. Esta integra, além das áreas utilitárias de funcionamento viário (parque de estacionamento, terminal de camionagem, estação de serviço, paragem kiss & ride, parque de bicicletas, praça de táxis), áreas complementares de apoio ao público, áreas administrativas e de gestão do edifício e zonas de pessoal, assim como áreas técnicas e compartimentos infraestruturais essenciais ao bom funcionamento de um equipamento desta natureza e complexidade técnico-funcional.
Este conjunto de espaços funcionais é agregado numa grande nave estrutural, construída à cota mais baixa do terreno. O espaço resultante constitui um grande e amplo pavilhão infraestrutural, de geometria resultante da adequação aos limites da área de construção, articulado com os movimentos de mobilidade mecânica e pedonal exigíveis, o parqueamento das diferentes escalas de meios de transporte e o conforto uniforme dos seus utilizadores.
É um grande espaço público, integralmente coberto, mas fortemente ventilado e naturalmente iluminado, através de grandes aberturas que se estabelecem estrategicamente nas suas superfícies, de modo a garantir o dimensionamento certo para a mobilidade do equipamento e a escala adequada para a sua ventilação natural e difusão lumínica.
Este grande espaço é complementado por um espaço em mezanino, construído entre as vigas de suporte da nave do terminal de autocarros, integrando todas as áreas de apoio social e de orgânica do equipamento. Esta área está implantada à cota da linha férrea e lança uma galeria coberta longitudinal, percorrível pedonalmente a duas cotas, que funciona como um dispositivo urbano que atribui à intervenção uma escala humana particular e cuja função constitui a de ligar fisicamente as duas entradas norte e sul do lado leste da Estação de Campanhã e cumprir a sua articulação vertical com o TIC.
Este elemento arquitetónico linear porticado tem múltiplas funções, utilitárias e lúdicas: funciona como uma conduta de passagem e distribuição de infraestruturas elétricas, mecânicas e hidráulicas que servem todo o Terminal, constitui uma barreira acústica e visual à presença da linha férrea e estabelece a possibilidade de ligação pedonal abrigada entre as diversas utilidades do interface, bem como o desfrute visual da paisagem urbana, totalmente recomposta pelo enquadramento dado pela construção do parque urbano natural, que se estende por toda a área de intervenção.
A construção do Terminal estendeu-se também aos equipamentos preexistentes, dos quais se destacam a Estação de Campanhã, nomeadamente os acessos aos cais de embarque da linha férrea e o acesso à estação de metro local, a articulação com equipamentos de impacto de escala local, nomeadamente o agrupamento industrial existente a sul, o tecido urbano expectante e desorganizado a nascente, a Quinta do Mitra no extremo norte do limite de intervenção e toda a reorganização viária obrigatória para reformular a circulação mecânica e pedonal, consequente da implantação da nova funcionalidade que o TIC irá provocar.
Por fim, a ligação à VCI, através do nó da Bonjóia e dos novos arruamentos delineados de forma a conectar de modo fluido e contínuo a saída da infraestrutura viária existente, a entrada e saída do TIC, a ligação ao tecido urbano a nascente, a articulação funcional com as fábricas existentes e o lançamento com a Rua do Freixo, que articula a entrada no centro da cidade.
Como protagonista principal da inserção urbana está a implantação do parque natural. O projeto do TIC assenta fortemente na disseminação de um manto verde, de dimensão e escala considerável, que cobre toda a área do equipamento construído à cota baixa e estende-se como uma mancha orgânica e arbórea, até aos limites da área de intervenção.
Esta tecido verde ocupa todos os vazios delimitados pelas áreas edificadas e os intervalos entre as infraestruturas viárias existentes e construídas, de modo a assumir uma presença física inequívoca e ambientalmente impactante, quer do ponto de vista da escala local do sítio, quer do ponto de vista panorâmico, em virtude de a topografia do território permitir a sua visualização a partir de cotas mais altas envolventes, nomeadamente na sua aproximação a partir da VCI.