27/05/2021

As máquinas escavadoras da Mota Engil já entraram no antigo Matadouro Industrial de Campanhã. Nesta fase preparatória da obra, os trabalhos concentram-se na demolição dos elementos em avançado estado de degradação. Numa visita que hoje realizou ao local, Rui Moreira inteirou-se do programa da empreitada, percorreu o interior do grande complexo e perspetivou o futuro do equipamento, onde a Câmara do Porto reservou cerca de 8 mil metros quadrados para o Museu da Cidade e para outros projetos de índole cultural e social.


Fazem-se sondagens, avaliam-se pormenores do projeto relativos aos edifícios e à passagem superior de peões sobre a VCI, derruba-se o que já mal se aguenta em pé, retira-se entulho acumulado ao longo de infindáveis estações. É este o atual ponto de situação da obra de reconversão do antigo Matadouro Industrial de Campanhã, cujo projeto será ultimado nos próximos meses.


Após o licenciamento das diversas especialidades junto das respetivas entidades, então sim, passa-se literalmente a construir a nova era do Matadouro, em que as memórias de um espaço outrora dedicado a subtrair vidas, darão lugar a outras, incomparavelmente melhores.


Esta manhã, o presidente da Câmara do Porto atravessou a nave central, percorreu todos os edifícios circundantes, onde também funcionou a antiga fábrica Invencível, e passou ainda pela ala que foi ocupada pela Sociedade Protetora dos Animais, como testemunham as boxes enferrujadas perfiladas umas a seguir às outras. Na visita foi acompanhado por Carlos Mota Santos, membro do conselho de administração da Mota Engil, por Horácio Sá, presidente do conselho de administração da Mota Engil Engenharia, e pelo arquiteto Luís Sousa, que lidera o projeto também pela empresa de construção civil.


Ali, já se derrubam mentalmente paredes, criam-se jardins interiores, imagina-se a grande porta de entrada do Matadouro – a praça central que receberá uma cobertura singular, como evidenciam as imagens do projeto de arquitetura assinado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma em parceria com o gabinete OODA. Fala-se da oportunidade em colmatar a escassez de oferta de grandes áreas para escritórios na cidade do Porto, pintam-se as cores de um centro empresarial, cultural e cívico que irá vencer a diferença de cotas, dando um autêntico salto em altura com a construção de uma ponte pedonal que passará por cima da VCI para ligar o Matadouro à estação de metro do Dragão.



A várias vozes se fez caminho por entre vegetação que terá necessariamente de ser desbravada nos próximos tempos, mesmo até à fronteira com o Mercado Abastecedor, ali ao lado. Fossem elas dos representantes dos dois gabinetes de arquitetura (Kengo Kuma e OODA), que comentavam a diferença de fusos horários, fossem dos vereadores Catarina Araújo e Pedro Baganha, que com os administradores da empresa municipal GO Porto, Manuel Aranha e Cátia Meirinhos, ora olhavam para as maquetes com projeção 3D ora se admiravam com o “cemitério” de antigos objetos – alguns deles os ditos “monstros” com o antigo logotipo da Câmara Municipal – que ali se foram acumulando ao longo dos anos.


Não nos esqueçamos que o Matadouro está desativado há mais de 20 anos. No tempo do antecessor de Rui Moreira esteve para ser vendido, mas a cidade fez finca pé a esse fado e o negócio não se realizou.


Câmara vai explorar cerca de 8.000 metros quadrados


De uma área de cerca de 26 mil metros quadrados, o contrato prevê a utilização de cerca de 20.500 m2 de edificado, dos quais cerca de 12.500 m2 se destinam a espaço empresarial (a ser explorado pela Mota Engil, enquanto adjudicatária da concessão), e quase 8.000 m2 de espaços a serem explorados pelo Município do Porto.


Na área a ser gerida pela autarquia, haverá espaços com valências culturais e de dinamização social, nomeadamente: uma nova extensão do Museu da Cidade (que vai albergar a coleção particular de Távora Sequeira Pinto, como já foi anunciado); uma extensão da Galeria Municipal; um acervo e depósito de obras de arte; um espaço educativo; outro espaço de cultura e práticas sociais; e uma área para o projeto Ateliers Municipais, o qual ficará inscrito como o polo Matadouro.


Será ainda disponibilizado um edifício para as novas instalações da esquadra da PSP - Polícia de Segurança Pública (3.ª Divisão Policial do Comando Metropolitano do Porto).


A obra de reconversão do antigo Matadouro tem um prazo previsto de conclusão de dois anos, e o ponto de partida para a contagem terá início no advento de 2022. O investimento de mais de 40 milhões de euros é integralmente assegurado por uma empresa privada, do norte do país, a Mota Engil, que venceu o concurso público lançado pela Câmara do Porto. No final dos 30 anos da concessão, o equipamento regressa à esfera municipal.


Este é considerado “um projeto âncora” para o desenvolvimento da zona oriental da cidade, impulsionador de outras obras no espaço público circundante, como a requalificação da Praça da Corujeira.


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