27/07/2021

Espaço verde que nascerá na zona oriental da cidade aposta na consolidação das necessidades das pessoas, tanto ao nível da mobilidade pedonal, como de intervenção na infraestrutura verde, dando prioridade a soluções de base natural.


Coser o que está fragmentado, responder às necessidades da população, e preparar o território para os desafios climáticos – estes são os grandes objetivos da construção do Parque da Alameda de Cartes, que surgirá na zona oriental da cidade.


Na sequência da aprovação, por unanimidade, dos pontos 12 e 13 (cedência em direito de superfície – crematório e reversão do terreno cedido em direito de superfície à Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto) da ordem de trabalhos da Reunião de Executivo de segunda-feira, estão reunidas as condições para a criação deste novo espaço verde. O projeto do Parque da Alameda de Cartes, que já tinha sido abordado anteriormente, foi apresentado em pormenor aos vereadores, tendo merecido rasgados elogios.


Num território que tem merecido atenção particular – estão em curso ou serão lançados projetos como o Matadouro, o Terminal Intermodal de Campanhã, a Corujeira – o futuro Parque da Alameda de Cartes será mais uma peça para completar este puzzle. “Estamos a falar do território-chave da fragmentação urbana. É neste território que temos as grandes infraestruturas viárias, como a VCI, a A43, a linha ferroviária, que fazem com que para muitos dos portuenses este território não pertencesse sequer ao Porto. Estas são as muralhas do século XX que acabam por gerar esta distância física, mas também esta distância psicológica”, começou por notar o arquiteto José Miguel Lameiras, na apresentação que fez aos vereadores.


“Neste território, muito motivado pelas suas caraterísticas socioeconómicas, e apesar das condicionantes topográficas, anda-se muito a pé. O que torna as questões da mobilidade, e da mobilidade pedonal, absolutamente estratégicas neste contexto”, destacou o arquiteto, indicando que “um quarto da mobilidade pedonal é feita sobre a forma de caminhos de pé posto. A consolidação das necessidades das pessoas é o garante do sucesso desta proposta”.


A população colaborou em todo o processo, salientou José Miguel Lameiras: “A proposta da criação de um parque tem como caraterística diferenciadora a rede de caminhos ser consequência direta de todo este trabalho. Para além de ser um espaço onde as pessoas podem recrear-se, tem esta caraterística de coser, ligar a malha urbana. Cose grande parte destas unidades que foram surgindo de forma desconexa. É um novo tipo de espaço público da cidade do Porto, um parque de proximidade, que vai ser utilizado diariamente pelas pessoas nos seus trajetos. Isso é qualidade de vida.”


Em termos ambientais, a aposta será em soluções de base natural, através da plantação das árvores em núcleos de vegetação de espécies autóctones, o que ajudará a mitigar as temperaturas no verão e tornará o território mais resiliente às alterações climáticas. “Este espaço vai reter, armazenar e infiltrar 100% das águas que chegam aqui, com estratégias semelhantes às utilizadas no Parque da Asprela”, acrescentou.


O projeto prevê ainda a criação de um “jardim de entrada que funcionará também como elemento de receção à Escola do Falcão”, sublinhou o arquiteto: “As crianças podem ficar aqui com segurança, temos um passeio muito largo que assume quase um caráter de praça, com uma função social importante.”


“Tem havido uma enorme interação com a população e isso é muito significativo. Queremos que as pessoas participem e se apropriem dos projetos. Tem havido muito trabalho com a comunidade e achamos que este é um passo fundamental no sentido de cerzir aquele território. Vai ter um impacto grande ao nível da Escola do Falcão, que está muito integrada no projeto”, congratulou-se o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.


Pelo PS, Manuel Pizarro confessou estar “muito agradavelmente surpreendido”. “É um trabalho extraordinário, que permitirá requalificar toda a área. Temos de dizer isso e elogiar o trabalho. Estou muito feliz”, disse.


O vice-presidente da autarquia e vereador da Inovação e Ambiente, Filipe Araújo, salientou que este parque “surge de um projeto europeu chamado URBiNAT”, que tem como prioridade o desenvolvimento de corredores saudáveis em sete cidades europeias (entre as quais o Porto, que é uma das cidades líderes).


O projeto do Parque da Alameda de Cartes está a ser desenvolvido por uma equipa interdisciplinar que conta com a Câmara, as empresas municipais Domus Social e GO Porto – Gestão e Obras do Porto, o Centro de Investigação de Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade Porto, o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e o GUDA (atelier de design).

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