Retirado o betão e reposto o terreno, o antigo Mercado S. Sebastião transformou-se num jardim que agora pertence a todos. O novo espaço introduz zonas verdes e percursos pedonais que suavizam a relação entre o casario histórico e a Avenida Dom Afonso Henriques, num ponto central do tecido urbano da cidade.
"Este é um bom exemplo do que pode ser uma transformação urbana: locais que são degradados, que induzem comportamentos que não são os adequados são transformados exatamente no oposto, num espaço que é hoje de comunidade, onde a vizinhança pode usufruir", considera o presidente da Câmara, Pedro Duarte, durante uma visita ao espaço, na manhã desta sexta-feira.
Os trabalhos permitiram a criação de pavimentos em saibro estabilizado, zonas relvadas, arbustos, além de bancos e áreas de estar que convidam à permanência. Foi, ainda, recuperada a luminária e o fontanário, criados caminhos pedonais, instalados guardas, corrimãos e rampas, introduzido um sistema de rega e ajustadas as infraestruturas elétricas e hidráulicas.

Obra a cargo da GO Porto representa um investimento de cerca de 285 mil euros no coração do Centro Histórico.
"É mérito de quem pensou nisto em primeira instância, de quem projetou, de quem executou", reconheceu o presidente da Câmara.
O objetivo foi transformar este local numa zona verde pública, polivalente e descontraída, propícia ao convívio, contemplação e descanso, sendo que esta é uma intervenção de caráter provisório, uma vez que o arquiteto Álvaro Siza está a elaborar um projeto definitivo para a Avenida Dom Afonso Henriques, conhecida como Avenida da Ponte. Daí, por exemplo, não terem sido plantadas árvores no local.
E o presidente da Câmara garante que esta solução "não choca em nada com intenções que possam existir para a Avenida", que virá a ser avaliada pela autarquia. Sem qualquer intenção de suspender ou impedir o projeto, Pedro Duarte lembra que todo o processo "vai demorar algum tempo e, nesses anos, vamos poder ter aqui um espaço de excelência e que transformou esta zona".

Uma transformação urbanística, mas também social e ao nível da "maior segurança que vai trazer a quem vive nesta zona", considera o presidente da Câmara, referindo-se à presença de consumidores de estupefacientes a que se assistia no local.
"São soluções urbanísticas que ajudam mas temos que fazer muito mais", adianta, no entanto o autarca, assumindo querer "combater esse problema na sua génese". Na visão de Pedro Duarte, "a estratégia de combate à droga tem que ser diferente da que temos tido".
"Há outras medidas que têm que ser tomadas, do ponto de vista social, para acompanhamento destas pessoas, mas também do ponto de vista policial para termos uma capacidade repressiva diferente", afirma o autarca, reafirmando que "cidade não pode conviver serenamente com fenómenos de toxicodependência".