02/02/2022

Nas novas instalações das empresas municipais GO Porto e Porto Ambiente a sustentabilidade é a prioridade das prioridades. O edifício na Rua de S. Dinis foi totalmente requalificado, com cuidados ao nível ambiental e da eficiência, num trabalho reconhecido internacionalmente com a norma LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), ferramenta de certificação em construção sustentável.


Ainda cheira a novo no espaço que passou a acolher os serviços da GO Porto – Gestão e Obras do Porto e da Porto Ambiente. Objeto de uma requalificação total, o edifício na Rua de S. Dinis tornou-se verde – por fora, nas paredes que se veem do exterior, mas também por dentro, em detalhes que se refletem no desempenho ambiental. Eficiência energética, hídrica e qualidade do ar, luminosidade ou coberturas verdes, nada foi deixado ao acaso.


“A reabilitação deste edifício, que estava num estado lastimável, é também um sinal e um impulso de que a cidade precisa deste tipo de reabilitações”, sublinhou o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, após uma visita ao edifício, durante a manhã desta quarta-feira, em que foi acompanhado pelos elementos da sua equipa de vereação e pelos órgãos sociais das duas empresas municipais, e que serviu para apreciar o trabalho ali feito, que implicou um investimento na ordem dos quatro milhões de euros.



Edificado no século XIX, ali funcionou, até cerca de 1910, o matadouro municipal. Durante o século XX teve diversas funções, funcionando, até à sua requalificação, como sede dos serviços municipais de Proteção Civil, Ambiente e Serviços Urbanos. Acolheu ainda as instalações do canil municipal, tendo sofrido grandes alterações nos anos 1930 e anos 1970.


O edifício apresentava um conjunto alargado de patologias, que se traduziam num estado de degradação significativo decorrente da idade e da falta de manutenção. A intervenção incluiu a demolição parcial de alguns elementos, bem como a ampliação pontual e construção de comunicações verticais, de forma a adequar às necessidades funcionais, legislações aplicáveis e segurança contra incêndios. No fim de contas, nada que tenha implicado alteração significativa na inserção urbana e paisagística.


“O município não só quer ter um comportamento ambientalmente aceitável, como também quer, de alguma maneira, mostrar ao sector privado que é possível adequar edifícios, e isto é uma reabilitação de um edifício, a estas novas condições e às novas exigências”, notou Rui Moreira, vincando: “Estamos a visitar o primeiro edifício público LEED. Ainda não temos a classificação porque ela demora cerca de um ano a ser obtida, mas é um edifício construído com todas as condições que garantem um impacto ambiental menor, uma poupança ambiental de cerca de 40%, no qual todas as águas são reaproveitadas.”


A instalação ali da GO Porto e Porto Ambiente partiu de uma ideia do vice-presidente Filipe Araújo, contou Rui Moreira: “Estávamos muito bem instalados, mas em edifícios privados, não são nossos, portanto são devolvidos aos respetivos proprietários. Estamos aqui a poupar uma renda, também.”


“Estas duas empresas municipais fazem um serviço muito importante. A Porto Ambiente é responsável por toda a parte ambiental da cidade, e a GO Porto é a nossa empresa de obras públicas. Temos aqui, para os trabalhadores destas empresas municipais, condições excelentes de trabalho”, congratulou-se o autarca, enaltecendo a “criação de eficiência e sinergia absolutamente óbvia”. “O Município do Porto tem hoje uma estabilidade financeira, praticamente sem dívida, que permite não só ter edifícios próprios, readquirir aqueles que pode, e transformá-los em edifícios atrativos sob o ponto de vista ambiental”, frisou.


Reconhecimento internacional


O mérito ambiental do trabalho feito no edifício da Rua de S. Dinis chegou na forma da certificação LEED, o sistema com maior reconhecimento internacional: a nova sede da GO Porto e da Porto Ambiente é o primeiro edifício público, a primeira intervenção de reabilitação e ainda o primeiro edifício com ventilação natural a obter esta certificação.


Todas as soluções foram consideradas para maximizar os benefícios: um sistema de ventilação natural sofisticado, incluindo criterioso dimensionamento das áreas de janelas e sistema de notificação dos ocupantes sempre que for conveniente a abertura das janelas (com sensores de controlo de qualidade do ar); 40% de economia de energia face a um edifício de referência (equipamentos de AVAC e iluminação com eficiência energética com sensores de luminosidade, ventilação natural, painéis fotovoltaicos); 40% de economia de água em equipamentos sanitários (sistema de aquecimento de água através de painéis solares, torneiras e equipamentos sanitários com controlo de caudal e temporização).


Da mesma forma, as instalações estão dotadas de uma cobertura verde plana e duas coberturas inclinadas, compostas por vegetação, foram implementadas no edifício. Além de conferirem um ambiente agradável quer para os utilizadores do edifício, quer para as edificações vizinhas, contribuem para o controlo da temperatura e conforto acústico.


Ao serviço da cidade


Em jeito de balanço do trabalho realizado ao longo dos últimos anos, as administrações da GO Porto e da Porto Ambiente transmitiram a Rui Moreira alguns dados sobre a gestão operacional.


No caso da primeira, empresa municipal desde 2000 e que se assume como uma referência na gestão de obras públicas, já foram levadas a cabo mais de 650 empreitadas, correspondentes a 353 milhões de euros de investimento, em trabalhos que vão desde a pavimentação de arruamentos até aos grandes equipamentos municipais, de que são exemplo o Mercado do Bolhão, o Terminal Intermodal de Campanhã, Centro de Recolha Oficial de Animais, entre outros.


Também a Porto Ambiente, constituída em 2017, tem vindo a notabilizar-se: foi reconhecida como a melhor da sua área de atividade no ano de 2020, o que se traduziu no Prémio de Excelência do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos, atribuído em novembro de 2021 pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos.


Com um trabalho que vai muito além da gestão e recolha de resíduos, a empresa municipal tem apostado na sensibilização, com um crescimento sustentado na recolha seletiva de resíduos, traduzido num aumento de 22% desde 2017. O projeto porta a porta residencial, as ilhas de compostagem comunitária e a recolha seletiva de orgânicos, um projeto pioneiro, são outras apostas da Porto Ambiente.

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